CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO: Coordenação e Organização na Catequese



A organização na catequese supõe vários níveis de atuação, desde a menor das comunidades, a paróquia, o nível diocesano, regional até o nacional. Passa também pela necessidade de pequenas ações que ajudam a estruturar todo o trabalho, tornando a prática catequética racional e eficiente, deixando assim, espaço para que a Graça de Deus inspire os encontros e os agentes da pastoral de maneira que a administração não se torne um “peso” para as equipes.

Em relação a isso, o Diretório Nacional de Catequese dedica todo um capítulo ao Ministério da Coordenação e a organização da catequese, a partir do item 314 até o 330. O Diretório Geral para a Catequese (DGC) em seu item 272 afirma que: "A coordenação da catequese é uma tarefa importante no âmbito de uma Igreja particular. Ela pode ser considerada: no interior da própria catequese, entre as suas diversas formas, dirigidas às diferentes idades e ambientes sociais e; com referência aos laços que a catequese mantém com as outras formas do ministério da Palavra e com outras ações evangelizadoras”.

A coordenação da catequese não é um fato meramente estratégico, voltado para a eficácia da ação evangelizadora, mas possui uma dimensão teológica de fundo. A ação evangelizadora deve ser bem coordenada porque ela visa à unidade da fé, a qual, por sua vez, sustenta todas as ações da Igreja. Não se pode perder de vista que a função de coordenar tem em vista a realização do Projeto de Deus, o serviço a Deus, feito na alegria, na simplicidade, na humildade e entusiasmo. Segundo o DNC (320), “a organização da catequese necessita ser mais evangelizadora e pastoral do que institucional”.

Não podemos esquecer também que a organização da catequese na diocese tem como ponto de referência o Bispo e sua equipe de coordenação. A coordenação diocesana da catequese, formada por uma equipe (bispo, padres, diáconos, religiosos e catequistas), assume a direção das atividades realizadas na diocese (DGC 265; DNC 327 ,letras de a até p).

O coordenador da catequese deve sempre ser escolhido a partir de critérios como: experiência de vida cristã e comunitária, bom relacionamento com as pessoas, vida de espiritualidade e oração e uma sólida formação catequética. A partir daí é necessário pensar numa “equipe” de coordenação. Uma pessoa só jamais será capaz de assumir toda a responsabilidade da organização catequética. Esta equipe de coordenação precisa buscar atingir três processos:

a) Animação: criar condições para que todos participem do trabalho com seus esforços e conquistas. Animar significa “gerar vida”. Um coordenador desanimado influência negativamente sobre o grupo. Não se pede um otimismo alienante, mas uma sadia e cristã visão da realidade, tendo em vista a busca do melhor para a comunidade. Entusiasmado significa “cheio de Deus”.

b) Comunhão fraterna: incentivar o bom nível de relacionamento interpessoal no grupo de catequistas. A experiência de comunhão, torna-se sinal de conversão e caridade dentro da comunidade. Conviver com a diferença dos outros só traz enriquecimento, quando é partilhada de maneira construtiva e numa visão de fé.

c) Mobilização: “a união faz a força”, quando todos estão unidos pelo mesmo ideal, ainda que haja diferenças pessoais, toda a comunidade é mobilizada em prol dos objetivos a serem atingidos. Para que a comunidade se mobilize é necessário:

Organização: Planejar de forma participativa, com avaliações constantes e;
Articulação: Todos os níveis devem estar articulados e a coordenação deve orientar e supervisionar os trabalhos, sempre na linha da co-responsabilidade.
Interação: Busca de um bom relacionamento entre toda a equipe.

Algumas sugestões para a organização paroquial:

a) Em relação à “secretaria”:

- Manter os dados em dia: catequistas, catequizandos, turmas, dados da região, forania, Vicariato e da diocese;
- Organizar fichas para os catequistas, com informações importantes (data de nascimento, endereço, telefone, datas e/ou local de batismo, comunhão, crisma e matrimônio, se for o caso...)
- Ter um arquivo organizado dos catequizandos com dados pessoais, endereço da família, data de batismo, telefone de contato;
- Manter as fichas dos catequizandos atualiza com relação aos níveis (etapas) e tempo de catequese;
- Comunicar imediatamente a todos os catequistas, informações recebidas, através de documento, quadro de avisos ou caderno de anotações;
- Preencher e entregar as informações solicitadas pelas instancias superiores sempre que forem pedidas;
- Manter um quadro de avisos com informações úteis para a catequese, além do simpático mural de aniversariantes, mensagens, e outras criatividades que possam surgir.

b) Em relação ao grupo de catequistas:

- Formar uma equipe de coordenação em todos os níveis (etapas) e em todas as comunidades catequéticas;
- Animar o planejamento participativo, envolvendo todo o grupo de catequistas, sabendo ouvir críticas e sugestões e manifestando objetivos claros e bom conteúdo nas reuniões;
- Zelar pela formação do grupo, atingindo também os auxiliares e catequistas de outros núcleos, e não só da matriz;
- Visitar e/ou fazer reuniões em outras comunidades, evitando que tudo seja centralizado apenas na matriz. Há grupos que se sentem felizes em acolher os catequistas da comunidade. Que estes momentos sejam bem aproveitados.
- Realizar reuniões mensais com todos os tipos de catequese na paróquia, para assuntos gerais;
- Incentivar o grupo para que se reúna semanalmente para planejamento dos encontros;
- Cuidar para que cada grupo trabalhe com o material da diocese e a programação feita pela comunidade;
- Criar ambiente fraterno, alegre e responsável para que a convivência do grupo seja o maior testemunho de comunidade catequética;
- Apresentar os catequistas ao sacerdote e afirmar constantemente que a catequese deve ser feita em união com as diretrizes diocesanas e paroquiais;
- Incentivar a participação de todos nos eventos da comunidade, paróquia, região e diocese. Nunca deixar sua paróquia sem uma representação de catequistas.
- Buscar junto a comunidade e ao pároco que a comunidade custeie o estudo de alguns catequistas nas Escolas regionais e diocesanas;
- Incentivar os catequistas a buscar formação bíblica, litúrgica, espiritual;
- Promover encontros de lazer e momentos de oração.

c) Em relação à estrutura material:

- A catequese precisa ao menos de uma “salinha” para o mínimo de estrutura de suas atividades;
- Criar alternativas (rifas, festas, bingos,...) para que as comunidades possam adquirir o material didático necessário para o trabalho catequético onde as paróquias tem dificuldades de sustentação das pastorais;
- Atualizar o quadro de avisos da catequese, sempre que for necessário;
- Montar, uma “biblioteca da catequese”, com doações ou compra de material, para que os catequistas possam encontrar subsídios para seu trabalho pastoral;
- Criar materiais próprios da comunidade, aproveitando os talentos que Deus deu a pessoas da comunidade, mesmo que estas não sejam catequistas.

Concluindo

Organizar o trabalho catequético exige muita capacidade de abnegação e alegre doação . E um dos grandes instrumentos da equipe de coordenação deve ser o diálogo amigo, verdadeiro e fraterno. Caminhar para a unidade da comunidade, respeitando a diversidade, exige que evitem rótulos preconceituosos, que se busque em conjunto o Reino de Deus, ainda que por caminhos diferentes.

“Exercer o ministério da coordenação na catequese é gerar vida e criar relações fraternas. É promover o crescimento da pessoa, abrindo espaço para o diálogo, a partilha de vida, a ajuda aos que necessitam de presença, de incentivo e de compreensão. Esse ministério se alimenta na fonte da espiritualidade que decorre do seguimento de Jesus cristo. Não é uma função, mas uma MISSÃO que brota da vocação batismal de servir, de animar, de coordenar. Através da coordenação, o projeto de catequese avança, cria relações fraternas, promove a pessoa humana, a justiça e a solidariedade. A coordenação procure ser missionária, inserida na comunidade, formadora de atitudes evangélicas, comprometida com a caminhada da catequese e com as linhas orientadoras da diocese.” (DNC 316).


Fontes:
DGC - DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE. Congregação para o clero, 1997.
DNC – DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE.  Publicações da CNBB, Documento 84.  2006.

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